sábado

Dialeto

Série: Crônicas Sem Fundamentos

No fim da tarde esperava por um pouco de emoção.
- Querido você soube o que aconteceu com a D. Joana?
- Ouvi alguns comentários.
- Inacreditável!
- Veja bem, no mundo como está, é algo até normal.
- Pra mim não. A pessoa pode sentir vontade, quem sabe sonhar, mas assim, em público!
- Não faça drama.
- Drama? Isso é porque você é homem, não consegue pensar além desse maldito futebol.
- Isso não tem nada ver com futebol!
- Nem pra conversar você desliga essa televisão
- Mas do que a gente está falando? Agora é sobre o meu futebol?
- Realmente, dá até pra entender a Joana.
- Agora você entende!
- Endendo sim, não acho certo, não adimito, mas entendo as razões dela.
- Que razões? Você nem sabe do que está falando.
- Não sei, mas imagino.
- Ehhh, vamos para com essa conversa.
- Coitada, vai ver o Dirceu nem conversava com ela, só pode!
- Que idéia é essa? Agora a culpa é do Dirceu?
- Não sei, não disse isso. Mas nunca se sabe. Já ouvi muita história e também já vi muita coisa. Esse Dirceu não é flor que se cheire não.
- O homem enfrentando a maior barra, quebrando osso no dente, e você falar uma coisa destas?
- Só sei que as coisas não acontecem por acaso, se ele está na pior é porque quanto estava na melhor deve ter aprontado alguma.
- Mas só me faltava essa!
- E como será que vai ficar a menina?
- Ouvi dizer que vai morar com a mãe dela.
- Pobre anjo! Aquela mulher não acertou a mão com a Joana, vai estragar mais uma inocente.
- O que que velha tem com isso agora?
- Nada. Mas tu também!!! Implica com tudo que eu falo.
- Não foi minha intenção, mas você não completa as idéias.
- Essa tv que fica me distraindo, desliga isso.
- Você acusa a Joana, o Dirceu, a menina, a velha, e a culpa é da minha tv!
- Olha aqui Carlos! Pega essa tv ... olha aqui... não me tira do sério!

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